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Arquitetos: DC.AD
- Área: 170 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Francisco Nogueira
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projecto LULU propõe a instalação de um novo estabelecimento de Restauração e Bebidas com cerca de 170m2, através da união de duas frações térreas de um edifício pombalino no Largo de Santos, em Lisboa. O programa funcional apresentado incluía uma zona de bar, com balcões de serviço e atendimento; uma zona de clientes, com lugares sentados e espaço de dança; instalações sanitárias para clientes; e zonas técnicas de acesso restrito, como cozinha, copa, vestiários, casa de lixos e arrumos.
A proposta procurou, como primeira premissa, condensar as áreas técnicas nas zonas menos nobres do espaço, sem luz natural e próximas dos saguões existentes, de modo a permitir a instalação dos equipamentos técnicos de ar condicionado e ventilação. Para o posicionamento do bar, optou-se por uma solução frontal à entrada, que se relaciona directamente com a fachada principal do restaurante, servindo simultaneamente de zona de espera e atendimento para clientes.
Através desta disposição, o “miolo” do espaço, amplo e de um pé-direito generoso, permaneceu livre para a utilização de clientes. Dada a própria geometria do lote, foram criadas duas salas com ambientes distintos, visando uma maior diversidade na utilização. A primeira, adjacente à fachada principal, é caracterizada pela forte entrada de luz natural e pela franca visibilidade com a via pública, já que as anteriores portadas opacas foram substituídas por vãos tipo montra. Foi desenhado um sofá em L ao longo das paredes limítrofes, que conjuga com mesas individuais que podem ser agrupadas livremente; junto aos vãos exteriores foram propostas mesas de duas pessoas para uma utilização mais intima. Para a segunda sala, interior e com escassa iluminação natural.
Relativamente ao ambiente pretendido para o projecto, a intenção era a de criação de um espaço inspirado pelo período artístico dos anos 20 do século XX e especicamente no estilo Art Déco - personificado na figura da actriz Louise Brooks, que dá, aliás, nome ao restaurante.
Procurou-se desenvolver uma interpretação própria das características estéticas deste movimento, através do desenho exaustivo dos pormenores e da selecção criteriosa das texturas, cores e acabamentos dos materiais utilizados. Os padrões geométricos do chão de pedra natural, os ripados ritmados em madeira lacada ou as superfícies multifacetadas em espelho colorido, adicionam várias dimensões de intensidades gráficas, luminosas e sensoriais.
Suavizado pela introdução de vegetação ou intensificado pela dureza ritmada dos neons coloridos, o peso da decoração teve um papel fundamental no balanço do ambiente geral do espaço, que se pretendeu que fosse em certa medida nostálgico mas simultaneamente actual. A paleta de cores — cor-de-rosa, verde-escuro e branco — teve como referência as cores da fachada principal, criando uma forte ligação visual entre interior e exterior.
A utilização de cada uma destas cores foi também medida, criando diversos momentos em que certa cor é predominante, marcando a função de cada espaço. Foi ainda desenvolvido um profundo trabalho de iluminação artificial que, através de um sistema de regulação, permite a alternância entre vários cenários e, consequentemente, uma total mutação do espaço ao longo do dia e da noite, resultando numa atmosfera exuberante, envolvente e especifica para cada utilização.